Geraldo
Trindade
O Brasil recebeu
recentemente a notícia (21 de março) de que o Conselho Federal de Medicina
(CFM) encaminhará ao Senado a sugestão de descriminalização de aborto até o 3º
mês. Essa possibilidade de interrupção da gravidez (aborto) já é prevista pelo
Código Penal para os casos de risco à saúde da gestante e quando a gravidez é
fruto de um estupro. O CFM quer que esta prerrogativa de não penalidade se
estenda a um âmbito somente individual: à vontade da mulher. Isto é, a vida que
ela traz no ventre é parte do seu corpo e não constitui uma vida à parte, não
carregada de possibilidades e potencialidades; mas esse feto é parte do corpo
da mulher por isso ela pode dispor tranquilamente e como bem desejar.
Pergunto, se
podemos dispor, manipular e anular a vida dessa forma? Esclarecedor também é o
questionamento de Phil Bosmans, sacerdote e escritor belga. “Se uma pessoa já
não está segura no seio da sua mãe, onde estará, então, ela ainda segura neste
mundo?”
O respeito à
vida foi e é sempre defendido pela Igreja Católica desde o nascimento até o seu
fim natural. É o grande zelo que se deve ter para não deixar com que as
interferências humanas, tecnológicas e até mesmo da dita saúde pública cheguem
a ferir a vida, colocando-a em risco, selecionando os que vivem e os que
morrem.
O aborto não
pode ser visto como fim ou como meio para o bem estar da mulher sem ao menos
considerar a vida que está ali no ventre. Se não se pode dispor livremente e de
qualquer maneira da vida de uma pessoa que está em ato diante de nós, também
não podemos dispor daquela pessoa que já está em potência, sendo gerada.
“Deus, com
efeito, que é o Senhor da vida, confiou aos homens o nobre encargo de preservar
a vida para ser exercido de maneira condigna do homem. Por isso a vida deve ser
protegida com o máximo cuidado desde a concepção.” (Gaudim et Spes, 51)
O tema da
interrupção da gravidez (aborto) retoma a pauta de discussão por uma via
diferente da do governo, pois a presidente Dilma Rousseff firmou compromisso
durante a sua campanha eleitoral com os grupos religiosos de não adotar nenhuma
medida para incentivar novas regras durante seu governo. Tanto que isso é
verdade que a secretária de políticas para mulheres, Eleonora Menicucci,
favorável ao aborto; manifestou que não importa a sua opinião pessoal, mas as
opiniões e opções do governo.
O grande embate
que conselhos, órgãos e governo que tendem a defender a legalização do aborto
parte é da verdade de que o estado é laico. A Igreja Católica nunca negou essa
verdade e este direito; porém isso não permite que se passe como trator sobre a
consciência moral da população; mesmo que essa consciência esteja embasada a
partir de fundamentos religiosos, da fé – tão sagrada ao ser humano como é a
vida.
A vida é
preciosa e deve ser cuidada porque ela não é produto humano, mas é fruto do
amor de Deus que tudo cria. Essa certeza não pode ser aniquilada e colocada em
mesa de negociação e de voto.
Parabéns pelo texto, ficou excelente. Abraço.
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