domingo, 26 de junho de 2011

O artesanato como vitrine de Cipotânea na Festa do Milho
Geraldo Trindade
Bacharel em Filosofia pela FAM,

Aproximando a Festa do Milho na cidade de Cipotânea, que terá neste ano de 2011 sua 29ª edição convido-os a se deter sobre o artesanato como fonte de sobrevivência para muitos, que lá vivem.
            A atividade artesanal é muito antiga, há pelo menos meio milhão de anos o homem já fazia uso do fogo e sabia fabricar instrumentos.
            No Brasil, nos primeiros anos de colonização foram instaladas oficinas artesanais , onde os artesãos tiveram o ensejo de desenvolverem suas habilidades. Através da Carta Régia de José I destruiu-se as oficinas e os artesãos são declarados fora da lei. Maria I seguiu a mesma atitude e perseguiu todas as formas artesanais do Brasil. Esta situação só se reverteu com a carta régia do príncipe Dom João em 1808, que anulou os alvarás proibidos de sua mãe e autorizou a atividade industrial caseira.
            Inicialmente o que caracteriza o artesanato é a transformação da matéria-prima em objetos úteis, por meio de tradição familiar ou comunitária. O artesão é que faz esses objetos, ele utiliza da inteligência e de sua capacidade de criar e inovar, estabelecendo uma ligação inovadora entre o passado e o presente, possibilitando as gerações posteriores terem acesso a técnicas e experiências acumuladas no passado.
            O artesanato é eminentemente uma manifestação comunitária. Em um primeiro momento os objetos produzidos têm uma função utilitária para o próprio artesão. Ele é também prático, pois surge da necessidade, além de sua aprendizagem se dar pela imitação, ou seja, vendo-se trabalhar.
            O artesanato abrange valores importantes em nossa sociedade: social, possibilitando melhores condições de vida aos artesãos e funciona como elemento de equilíbrio social; artístico porque cada peça feita a mão é única, não se confunde com outra, mas é criada a partir da criatividade criadora do artesão-artista; pedagógico, possibilitando meios para a educação; moral, já que propicia ao aperfeiçoamento espiritual e moral do artesão, afastando de vícios e delinqüências; terapêutico, pois abranda a hostilidade e a personalidade agitada ou outros desvios; cultural porque por meio da peça têm-se traços da cultura, das tradições, dos símbolos, das crenças; e, psicológico, já que o artesão se sente valorizado com sua arte porque faz objetos que têm serventia.
            Em Cipotânea o artesanato remete  à figura do Pe. José Geraldo das Mercês, que se tornou pároco da referida cidade em 1939. Homem simples, alto, batina velha e gestos simples, de cabelos despenteados, mas com um largo e simpático sorriso estampado no rosto. Conhecida é a história de um mendigo, que ao pedir-lhe uma esmola, recebe deste a bolsa de dinheiro, mas que estava desprovida sem nem mesmo o padre saber. O pobre senhor, vendo a situação, tirou o pouco que tinha e depositou na bolsa. O padre sem saber, recebe a bolsa e sai satisfeito.
            Além das lições de humildade e pobreza vividas por Pe. José Geraldo e que ficaram gravadas na memória dos cipotaneanos, seu ministério enriqueceu a cidade em outros aspectos, dentre eles: o artesanato e a devoção à São Caetano.
            O sacerdote observara que o trabalho artesanal com a palha do milho efetuado naquela época somente por mulheres garantia um aumento na renda familiar. Porém, cada cesta era vendida por uma bagatela. No entanto, hoje as peças são vendidas baratas, favorecendo mais o atravessador. Padre José Geraldo chegava até mesmo a comprar o artesanato para estimular a confecção daquilo que muito tempo depois seria a salvação  rentável de muitas famílias cipotaneanas.
            A outra obra há ser ressaltada é a devoção à São Caetano, que Pe. José Geraldo admirava e conhecera a fundo por meio do estudo da biografia do santo da Divina Providência. Dia 7 de agosto está marcado no imaginário de todo cipotaneano de nascimento ou de coração.
            De fato, em Cipotânea, a palha de milho virou moeda de troca e o artesanato proveniente da perspicácia e da criatividade dos xopotoenses virou tradição e cultura de um povo que não tem muito medo, mas segue em frente na esperança de que o futuro se entrelace com seus sonhos grandiosos e animadores.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

E se a realidade não me convencer? Se a brutalidade, a violência não ser para mim rotina? Será que os atos de selvageria humana tem justificativa? Por que tanta tentativa de estar e ser superior aos outros?
Estátua da Caridade-
 Ferdinand Pettrich

Infâncias destruídas pelo trabalho infantil, pela exploração.....

Dizem que a caridade não é revolucionária. O problema é a tendência neoliberal de achar que a grande revolução é não fazer nada.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Os “por quês” no Dia dos Namorados
Geraldo Trindade
Contato: pensarparalelo@gmail.com


Ouvindo a frase da poetisa mineira Adélia Prado de que “o amor não é um caso médico” fui remetido a uma tentativa de pensar o amor não de uma forma abstrata e conceitual, mas existencial.
            Por que se trai? Por que há pedidos de casamentos, mas de preferência que um cônjuge não interfira na vida do outro? Por que simplesmente se ama? Por que se vê o rosto, mas não se olha?  Por que não se encontra sentido nas flores entregues, no abraço cúmplice, no sorriso doce? Por que se fala tanto dos sintomas físicos, psíquicos e terapêuticos do amor? Por que se acredita que a convivência direta empobrece a relação? Por que o amor está tão intolerante hoje? Por que o amor está tão imaturo?  Por quê? Por quê?
            O amor é doação, é entrega, ele é plenitude. E essa plenitude inclui não só os aspectos belos, mas a miséria do dia-a-dia. Deve-se amar em plenitude, a totalidade. Não podemos e não devemos reduzir o amor e a pessoa à teorias pessoais. Não podemos bloquear os nossos sentimentos!
            O que se quer hoje? Quer-se viver um amor sem mimos, sem parada, sem descanso. Sonham com amores frenéticos, loucos e perfeitos; mas esquecem que estamos à mercê  das imperfeições da vida.
            Antes um amor “feio”, que cuida do essencial a um amor “perfeito e lindo”, mas que é incapaz de sorrir a dois, chorar e a dois, silenciar e ficar abraçados. Não é decretar o fim das doces ilusões, mas o alvorecer da esperança. Não se pode colocar algo tão belo e bom como o amor em uma caixa para dispor dele ao bel-prazer e só abrir essa caixa de vez em quando, perdendo a chance de aproveitá-lo completamente.
Feliz dias dos namorados!!!!!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quais os sonhos nos 300 anos de Cipotânea?
Geraldo Trindade
Bacharel em Filosofia, estudante de teologia no Seminário de Mariana,
mantém o blog: http://pensarparalelo.blogspot.com
Contato: pensarparalelo@gmail.com

Como podemos ter a exata noção de um fato histórico? Será que a história se basearia somente na narração de um fato?
                Neste ano de 2011 somos convidados a voltarmos nossa memória para os idos de 1711 e vislumbramos o surgimento da localidade de São Caetano do Xopotó e seu povoamento. Esse acontecimento não tem relevância nacional e muito menos internacional, mas a sua grandeza está na proporção subjetiva de pertença a uma terra ou localidade.
                A povoação nos entornos dos rios Xopotó, Brejaúba e Rio Espera; na região dos cipós amarelos há 300 anos pode ser narrada, contada e cantada como ato de bravura e pioneirismo do bandeirantes. No entanto, não podemos nos vangloriar do passado enquanto o presente nos parece turvo e o futuro sombrio. Enxergar e avaliar o passado com os pés no presente e nos futuro é reconhecer a grandeza das gerações passadas e respeitos às futuras.
                Nesse tricentenário, qual o caminho se desponta no horizonte dos cipotaneanos? Onde queremos chegar?
                Indubitavelmente, à luz das esperanças individuais e comunitária, sonhamos que:
- a educação seja a preocupação central e porta de entrada para o mundo globalizado;
- as crianças possam usufruir de tudo aquilo que são seus direitos;
- os idosos tenham atividades recreativas;
- a saúde leve em consideração o respeito a dignidade do cidadão;
- a cultura, o lazer, o esporte seja uma realidade no crescimento qualitativo dos cipotaneanos;
- os trabalhadores de todas as áreas sejam reconhecidos pelo labor diário;
- a segurança e a paz sejam realidades concretas;
- o emprego não se torne privilégio e luxo de algumas pessoas ou grupos;
- a corrupção não faça morada em nosso meio;
- as crianças, jovens, idosos, homens, mulheres, negros, pardos e brancos; ou seja, o ser humano seja a peça central de todo e de qualquer processo de política e transformação de sociedade em nossa querida Cipotânea.
                Esses sonhos garantem-nos que o verdadeiro desenvolvimento da nossa tricentenária cidade passe primeiro pelo desenvolvimento integral do ser humano. Só o homem é que garante a grandeza e a garbosidade de uma terra. Investir no ser humano e em suas estruturas plenificam as múltiplas potencialidades de cada homem e mulher e é isso que pode garantir que de Cipotânea brotem luminares que orgulhem este pequeno torrão.