segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Maria é missionária porque confiou!

 Geraldo Trindade

            A nossa vida cristã necessita de exemplos de fé para que se torne madura e capaz de produzir os frutos que o Senhor reserva para cada um de nós. Neste mês de outubro, celebramos o mês missionário e a festa de Nossa Senhora do Rosário. Maria é missionária por vários fatores, mas ela é acima de tudo missionária porque nela se realiza e se gesta o transbordamento do amor de Deus, Jesus Cristo.
            Maria está sempre envolta dessa presença do mistério divino, desde o seu sim, pelo qual tornou-se a mãe do Salvador (Lc 1, 26-38) até o seu sim dolorido e sofrido aos pés da cruz de Jesus (Jo 19, 25-27). Ela se torna filha bendita por meio do amado Filho! Reconhecemos em Maria o autêntico itinerário que cada batizado deve trilhar para viver como missionário.
            A Virgem Maria nos ensina a ter fé. Ela conservava no coração tudo o que ouvia e via e por isso foi feliz porque acreditou (Lc 1, 45). Ela acolheu o Verbo encarnado em seu ventre e a partir de então passou a realizar a peregrinação da fé seguindo o seu Filho. Ela não permaneceu alheia e indiferente ao amor e a presença de Deus em sua vida, mas se envolveu e deixou-se cativar pelo mistério de amor de Deus.
            As nossas comunidades encontram em Maria uma escola de fé. Invocada sob vários títulos, ela vem ao socorro de toda a humanidade nas mais variadas situações e perigos. Nela a Igreja se reconhece também como Mãe, disposta a ir aonde Cristo quer que o amor de Deus alcance. Maria é a primeira evangelizada (Lc 1, 26-38) e a primeira evangelizadora (Lc 1, 39-56).
            Acolheu a Boa Nova da salvação, transformou-se em anúncio, canto e profecia. Ela se consagrou totalmente e plenamente ao impulso da fé que leva à Deus. “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Os missionários, ou seja, todos os batizados, que gastam a sua vida à frente dos campos de missão ou no dia-a-dia do seu trabalho, da vida familiar e das ações eclesiais encontram em Maria o modelo perfeito de dedicação e fidelidade, pois ela se consagrou totalmente como Serva do Senhor.

            Neste mês dedicado ao Rosário, as nossas Ave Marias possam trazer presente a vida missionária da nossa Igreja no mundo todo, em nossa diocese, em nossas paróquias e comunidades. Ser missionário é ser como Maria disposta a lançar-se na grande aventura de crer e com ela, afirmava o beato João Paulo II, “aprendei também vós a dizer o ‘SIM’ de adesão plena, alegre e fiel à vontade do Pai e ao seu projeto de amor”.

domingo, 1 de setembro de 2013

Conflito na Síria: “O uso da violência nunca gera paz”






Geraldo Trindade

Mais uma vez o mundo se encontra sobre o alarme de uma guerra com consequências inimagináveis! Mais uma vez a insanidade da guerra se sobrepõe ao valor do diálogo! Mais uma vez o apego ao poder e a ganância toma corações que deveriam estar dispostos em promover a paz e a concórdia entre as pessoas!
            A crise na Síria teve início em 2011. Tudo iniciou quando um grupo de 14 crianças escreveu em um muro na cidade de Daara um slogan relacionado às revoltas que ocorriam no Egito e na Tunísia. O povo sírio passou a pedir mais democracia e a resposta do presidente Assad foi a retaliação, quando forças nacionais abriram fogo contra a população desarmada que manifestava. Aos poucos, foram surgindo ações de oposição ao governo do presidente, que chegou a formar com partidos clandestinos e dissidentes o  Conselho Nacional Sírio, uma frente antigoverno. Um segundo grupo surgiu para se opor a ideologia islâmica deste Conselho, foi o Comitê de Coordenação Nacional. A luta armada é encabeçada por dissidentes do exército e se organizam com o nome de Exército Livre da Síria.
            Segundo a ONU mais de 100 mil pessoas foram mortos desde o início dos conflitos; outros afirmam que já ultrapassou os 200 mil. Estima-se que mais de 6 milhões necessitem de assistência humanitária e ultrapassa-se a cifra dos 2 milhões de refugiados. Em meio ao caos na Síria, serviços básicos como saúde, educação e alimentação já não acessíveis a grande parte da população. Além de tudo isso, afirma-se agora na comunidade internacional, o uso de armas químicas e premente uma intervenção internacional.
            A oposição a intervenção militar está embasada no princípio de que com a guerra não se ganha nada, muito pelo contrário, se perde tudo. Deve-se optar pela paz e pelo diálogo internacional para que o conflito encontre seu término. As grandes potências do mundo ou fecham os olhos para o sofrimento dos milhões de sírios, tratando-os com desprezo e fechando os ouvidos para os clamores que brotam das dores e perdas na Síria ou encontram a solução no desejo de fazer o governo de Assad pagar por todo mal e sofrimento impetrado na vida dos sírios.
            O som das bombas não pode se ser maior e sufocar o grito de quem sofre. O povo sírio já vive um inferno e não precisa de mais fogo neste abismo. Não se pode conceber que a guerra seja o caminho mais simples e mais fácil. Não é a cultura do atrito, do conflito, da violência que constrói a convivência entre pessoas e povos, mas o diálogo. É o único caminho para a paz. Trata-se de vidas, de histórias, de pessoas, que sofrem, que perdem vidas. Não são simples bonecos entre os interesses, nem sempre humanitários, dos países. É preciso que se acredite na paz, que se eleve de todos os cantos do mundo o clamor por ela. O papa Francisco foi enfático: “Nunca mais à guerra! A paz é um dom precioso demais; deve ser promovido e tutelado.” É preciso que o grito pela paz chegue a ser tão grandioso que todos os lados cheguem à sanidade da verdade e deponham as armas.
Em meio à onda de guerra, lembremos de quantos que não poderão ver a luz do futuro pelas ações impensadas! “O uso da violência nunca gera paz. Guerra chama guerra, violência chama violência!” – pede o papa Francisco: “Com toda a minha força, peço aos envolvidos neste conflito que ouçam as suas consciências, que não se fechem em seus interesses, mas vejam o próximo com seu irmão, que empreendam com coragem e decisão o caminho do encontro e das negociações superando cegas contraposições.”
Para que a paz seja a palavra definitiva em todo e qualquer conflito, Francisco convocou toda a Igreja a rezar no dia 7 de setembro para a paz na Síria, para a paz que é bem-aventurança que Cristo no convida a viver, para a paz que deve brotar do coração  de cada homem e mulher de boa vontade! Unamo-nos pela paz! Unamo-nos em favor uns dos outros! Unamo-nos em favor dos que mais sofrem! Unamo-nos por aqueles que se encontram desesperançosos!