Geraldo
Trindade
Após 8 anos de falecimento do arcebispo marianense Dom Luciano Mendes de
Almeida, pode-se ter uma noção dos aspectos de sua vida que o torna apto a
alcançar a honra do altares e passar a ser apresentado pela Igreja Católica
como exemplo de santidade e modelo de fé em Jesus Cristo.
A
Congregação para a Causa dos Santos autorizou a abertura do processo para a
canonização em nível diocesano, que vai ocorrer no dia 27 de agosto. O pedido
enviado a Roma foi assinado por mais de 300 bispos brasileiros. Dessa forma,
Dom Luciano passa a ser chamado Servo de Deus. Agora passa-se a analisar
presumiveis milagres e ouve-se as testemunhas.
Dom
Luciano nascido no Rio de Janeiro no dia 5 de outubro de 1930 foi o primeiro
bispo jesuíta no Brasil. Viveu sua vida segundo seu lema “Em nome de Jesus”.
Era arcebispo de Mariana quando faleceu aos 75 anos de idade. Exerceu funções de relevância, tais como
participação em diversos sínodos em Roma, secretário geral (de 1979 a
1986) e presidente (1987 1 1994) da CNBB.
Fez parte do Conselho Permanente desta entidade de 1987 até sua morte. Atuou na
Pontifícia Comissão Justiça e Paz, do Conselho Episcopal Latino-Americano e da
Comissão Episcopal para a Superação da Miséria e da Fome.
Mas,
o grande legado deste bispo é a caridade. Caridade que a própria identidade de Deus
porque “Deus é amor” (1 Jo 4, 16). O
amor que retratava beste grande homem pela caridade era a forma que ele
encontrava de no cotidiano da vida experimentar das realidades celestes. Dom
Luciano era um servo dos humildes, dos pobres, dos simples e dos
marginalizados. Já no leito do hospital pediu: “Nãos esqueçam dos meus pobres”
e por isso é chamado por muitos como “o pastor dos esquecidos”. Ele fazia os
pequenos gestos e palavras serem carregados de suma importância, capazes de
gerar conforto, consolo e alívio. Quando foi eleito presidente da CNBB lhe
perguntaram como seria sua atuação. Ele mais uma vez demonstrou sua caridade,
que provém de um coração próximo ao de Deus, capaz de sentir e ver a partir dos
mais sofredores: “Peço a Deus atuar na conversão dos homens do egoísmo ao
verdadeiro amor, sem conformismo e se a
impaciência dos violentos, para que as estruturas de convivência humana
correspondam cada vez mais à dignidade dos filhos de Deus”.
Sua presença discreta, e na maioria das vezes atrasada, era aguardada com
ansiedade por todos, pois era “Dom Luciano que estava vindo”. Santos nos fazem
esperar, pois não é qualquer dia que os encontramos vivos. Santos elevam nossos
corações para Deus e os estende aos irmãos. Santos nos mostram como Deus age e
cuida daqueles que são mal vistos e mal amados. Santos nos arranca de nosso
comodismo e nos mostra uma lógica própria, pois é a lógica do amor
misericordioso. Santos como Dom Luciano não são simplesmente homens, mas uma
“imagem bonita de Deus” como uma vez Mons. Júlio Lancelotti descreveu o bispo
marianense.
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