terça-feira, 7 de maio de 2013

Os jovens e um novo Pentecostes


Geraldo Trindade
Bacharel em filosofia e cursa teologia 


O maior país católico está prestes a vivenciar um momento ímpar no processo de evangelização. A Jornada Mundial da Juventude convocada por Bento XVI para o Brasil em julho com o tema “Ide e fazei discípulo entre todas as nações” (Mt 28,19) entrará na história por ser uma jornada de dois papas e ainda mais porque será presidida pelo papa Francisco, o 1º papa latino-americano.

            A Jornada quer ser um novo Pentecostes na vida de inúmeros jovens e católicos. O Espírito Santo em ação infinita nos corações cansados e feridos, quer dar um novo impulso e ânimo na fé.
            O Brasil é inegavelmente de raiz cristã-católica; mas isso não o blinda das problemáticas da pós-modernidade. Avança avassaladoramente a secularização na concepção de uma vida sem Deus, na qual o homem se absolutiza e passa a querer construir a si mesmo sem o referencial do Absolutamente Outro, Deus. O progresso, em especial nos meios de comunicação social e as distâncias geográficas quase chegam a ser anuladas. Porém tais avanços não foram capazes de gerar e fortalecer valores como compreensão e comunhão. Tais valores quando existentes são marcados pela superficialidade e acabam gerando conflitos entre as gerações e entre as pessoas.


            Assustadoramente assistimos, quase cotidianamente, conflitos e agressões, onde transparece a mentalidade de que compreender o outro é passado e difícil demais, pois cada um quer que seu eu e interesses sejam prevalecidos. Outro fator, que é o progresso da ciência e da técnica quer ter o intuito do domínio absoluto do corpo humano e das forças da natureza.


            É diante desde mundo que a Igreja Católica lança o convite a todos os jovens a serem testemunhas do Absoluto, a perseguirem valores que engrandeçam o coração cansado, a doarem-se por um projeto de vida elevado, que só Jesus Cristo é capaz de dar, por meio da vivência do amor, do perdão, da caridade e da solidariedade. O grande convite é viver hoje a realidade histórica da presença do Espírito Santo sobre nós.
            Pentecostes foi a vinda do Espírito Santo, de modo visível e palpável sobre os apóstolos e a Igreja em Jerusalém. Sob a forma de um vento forte, o Espírito impeliu a Igreja que nascia a trilhar seu caminho na história. Como fogo veio iluminar as mentes e inflamar de amor os corações temerosos dos apóstolos. Com ousadia e coragem saíram anunciando a novidade do Evangelho, não encontrando barreiras geográficas e linguísticas.
            A ação do Espírito Santo não está presa ao passado da Igreja, mas se prolonga e se perpetua no tempo, aqui e agora. Ele quer a cada dia renovar a Igreja e o mundo, além de toda e qualquer fronteira. Ele quer conduzir homens, mulheres, jovens e crianças de hoje em vista de um mundo novo.

            E eis que vem um simpático senhor, pai do mundo todo, o Papa Francisco convidando a abrir a porta da nossa vida à novidade de Deus: “Deus está a fazer novas todas as coisas, o Espírito Santo transforma-nos verdadeiramente e, através de nós, quer transformar também o mundo onde vivemos. Abramos a porta ao Espírito, façamo-nos guiar por Ele, deixemos que a ação contínua de Deus nos torne homens e mulheres novos, animados pelo amor de Deus, que o Espírito Santo nos dá.” Ele une suas palavras ao desejo do papa Bento XVI de verem todos os jovens a serem santos-missionários, testemunhas apaixonadas de Cristo e evangelizando no meio de uma sociedade que quer esconder Deus dos olhos apaixonados de inúmeras pessoas que guardam a fé e a cultivam.

            Os jovens de fé de cada uma de nossas comunidades são chamados pelo Papa, pela Igreja e por Cristo a darem testemunho de fé, a edificar uma nova civilização de vida, de amor e de verdade. Nesta grande empreitada o Espírito Santo quer mais nos transformar e renovar. Infelizmente nem sempre abrimos o nosso coração à sua novidade, sabedoria e força. Ele tem pressa, quer agir e só depende de nós.
            Com espírito novo e renovado somos convidados a agir como cristãos, não nos fechando em nosso próprio eu, mas orientando-nos ao outro por Cristo; ou seja, acolher em nossa vida, atos e palavras toda a Igreja e deixarmos que ela nos acolha e nos oriente. Quando o discípulo-missionário de Cristo, o batizado, fala, pensa, age; ele o faz pensando na humanidade que necessita do seu testemunho de viver como Cristo, inspirado pelo Espírito Santo segundo o desígnio do Pai.

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