terça-feira, 27 de março de 2012

Refletindo sobre a Campanha da Fraternidade 2012

 Geraldo Trindade

  
        Em sua 49ª edição a Campanha da Fraternidade promovida pela Igreja Católica suscita debates, reflexões e posturas diante do tema abordado: “Fraternidade e saúde pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra.” A esperança é grande porque os objetivos são audaciosos e pretensiosos. Eles deverão ser transformados em ações para que se adotem hábitos de vida saudável, promova-se o cuidado ambulatorial e hospitalar aos doentes e que se melhore o sistema público de saúde.
            Além de todos esses contributos, é preciso que todos nós voltemos o nosso olhar para os enfermos neste tempo em que a cultura e a mídia exaltam a beleza, o culto ao corpo, à saúde e à forma física. Nesse contexto, o enfermo acaba por ser relegado a um segundo plano, um peso para a família e um ônus para o estado. Em pleno século 21 é preciso alertar para o risco de não relegarmos ao esquecimento o ser humano, o nosso próximo, o nosso irmão e irmã. É preciso cada dia mais sensibilidade!
            Em meio a tantos avanços médico-tecnológicos, há ainda hospitais onde se formam filas de espera imensas, onde se faltam atendimentos adequados, há escassez de leitos hospitalares e poucos recursos dedicados à saúde.
            A saúde é um direito e não pode, em hipótese alguma, ser negada e os enfermos são seres humanos, brasileiros, cidadãos necessitados de cuidado e proteção. Se se compreende isso, a doença e o sofrimento devem ser apelos à irmandade, à solidariedade, à igualdade, pois nenhuma dessas realidades fazem distinção de pessoas, de raça, de credo ou de status. Por isso é que devemos lutar constantemente em favor da vida e combatermos tudo o que incorre para ela, inclusive o que impede com que os que os doentes tenham acesso ao tratamento e ao cuidado necessário na família e na rede pública.
            Ante a tudo isso, a Igreja não pode e não fica inerte, mas se comporta como Igreja-samaritana. “A figura do bom samaritano assume a condição de modelo para a ação evangelizadora da Igreja no campo da saúde e no campo da defesa das políticas públicas.” (Texto base da CF 2012, 191) Ela, a Igreja, por meio de cada batizado, seguidores de Cristo, acolhe os doentes, cuida deles, infunde a força e a esperança em suas vidas. Sob esta ótica do samaritano devem também funcionar todas as instituições ligadas ao cuidado da saúde humana. Lugares de acolhida e de cura.
            A Campanha da Fraternidade não deve encerrar com o término do tempo quaresmal. A problemática da saúde é atual e deve ser continuada a sua reflexão e mais ainda ações concretas em favor que de um sistema de saúde mais igualitário e eficiente.

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