Contributos da Igreja na vida social e política
Geraldo Trindade
Bacharel em Filosofia, estudante de teologia no Seminário de Mariana,
mantém o blog: http://pensarparalelo.blogspot.com
Contato: pensarparalelo@gmail.com
A Igreja leva a Boa Nova de Cristo ao mundo da cultura, traz justiça, vida e esperança evangélica aos mais pobres e excluídos do progresso e da vida dos amplos setores da sociedade. Vê-se que os pobres e miseráveis aumentaram, o que constitui um verdadeiro desafio para os cristãos e homens de boa vontade, há o contraste entre ricos e pobres, marginalização, exclusão e miséria; mas há também o empenho crescente de pessoas e grupos que lutam para combater as desigualdades e superar a exclusão.
O fenômeno da exclusão é complexo: reveste-se de múltiplas dimensões e formas, pois há uma inversão de valores; uma busca desenfreada do dinheiro; insegurança e competição; extrema desigualdade; redes de poder econômico; financeiro e ideológico; perda do poder do estado; transformação do mundo do trabalho; injusta redistribuição de renda, benefícios e trabalhos; corrupção; má distribuição de terra; jovens desempregados; idosos sem assistência; indígenas, quilombolas, sertanejos explorados; destruição de recursos naturais.
Para que essa realidade dolorosa se transforme é necessário decisões políticas públicas em todos os âmbitos, mas esse desafio de transformação deve ser assumidos por todos e por cada um. Deve ser cada vez mais gestado uma globalização da solidariedade promovendo iniciativas que colaborem para a construção de um mundo melhor e mais justo. A Igreja e os cristãos se fazem próximos e solidários dos mais pobres e lutam para garantir e salvaguardar a dignidades dos filhos e filhas de Deus. De forma específica, a Igreja Católica oferece sua contribuição através de seu Ensino Social, reforçando o valor da dignidade, da destinação universal dos bens, da solidariedade, subsidiaridade, promoção da justiça enraizada na igualdade entre todas as pessoas e setores da sociedade, da solidariedade como caminho da fraternidade e partilha, da liberdade como garantia de participação de todos na construção da justiça, valorização das atitudes e práticas de coragem e fidelidade dos mais pobres, serviço do desenvolvimento integral das pessoas e consumo responsável e solidário.
Neste processo o estado tem responsabilidade própria e intrasferível no combate à exclusão, na promoção do bem comum e na defesa de todos dos cidadãos. Contribui neste processo a sociedade civil, que tem função da própria sociedade civil defender os interesses gerais ou específicos dos cidadãos contra as eventuais formas de dominação do Estado e do mercado globalizado, fortalecendo os movimentos sociais e populares.
A Igreja Católica neste processo tem contribuído em várias frentes de trabalho. Sua intervenção, nos últimos 50 anos, se fez mais incisiva na defesa dos pobres e no serviço da justiça e solidariedade. Ela inspirada e guiada pelo apelo radical do Evangelho, elaborou a Doutrina Social e tem procurado dar sua contribuição para o bem comum. Aos longos dos anos ela acumulou uma riquíssima experiência humana, ética e espiritual no que concerne à luta contra a miséria e a exclusão. Tudo isso ela realiza a exemplo de Jesus a fim de se tornar cada vez mais em uma Igreja samaritana, que atenda generosamente todos os homens e mulheres deixados meio mortos na beira da estrada.
A ação eclesial teve ação direta na criação do Movimento de Educação de Base (MEB) com projeto de alfabetização de jovens e adultos; na defesa dos direitos humanos no tempo do regime militar favorecendo maior integração com os setores democráticos; contribuiu para a elaboração da Constituição de 1988 ; no processo de redemocratização do Brasil; opção evangélica pelos pobres vem renovando a participação e a partilha na Igreja e incentivando o espírito missionário das comunidades; as Comunidades Eclesiais de Base, os Círculos Bíblicos; as Pastorais Sociais representam significativa participação na construção de uma sociedade justa e solidária e despertam maior sensibilidade e atenção às contradições e aos conflitos, as Campanhas da Fraternidade são momentos fortes de sensibilização e participação de toda a Igreja; o Mutirão Nacional de Superação da Miséria e da Fome, que constitui outra manifestação de amor da Igreja pelos esquecidos e rejeitados da sociedade; o Mutirão pela Amazônia, que procura responder melhor às necessidades sociais, culturais e espirituais dos amazônidas, geralmente expostos à cobiça dos exploradores de madeira; participação de católicos preparados nas comissões municipais populares; a Cáritas Brasileira na promoção do semi-árido e a construção de cisternas; as Comissões Justiça e Paz, que realizam o trabalho de análise crítica orientando para a formação e mobilização dos cristãos e pessoas de boa vontade, na mobilização em favor da Lei 9840 de Iniciativa Popular contra a corrupção eleitoral. Outras variadas formas de serviço testemunham o amor da Igreja aos menos favorecidos. Une-se a tudo isso às Escolas de fé e política e a Doutrina Social da Igreja, que é um tesouro de valor imenso contribuindo para a compreensão e solução dos problemas sociais.
Essa proximidade e solidariedade da Igreja para com os pobres – que são sua riqueza – têm as raízes no exemplo de Jesus. Ele veio para que todos tenham vida, pois é o Caminho, a Verdade e a Vida. Isso exige profunda conversão de coração, mente, vida pessoal e coletiva. Os pobres pelos seus valores e atitudes de coragem, partilha e fidelidade nas provações tornam-se profetas contemporâneos e anunciam novas relações sociais de solidariedade e fraternidade.
Saudações Geraldo!
ResponderExcluirParabéns pelo texto e pela clareza em lembrar os grandes projetos que a Igreja tem a nos oferecer com o intuito de favorecer a sociedade e
os menos favorecidos. Gostaria de destacar duas grandes vantagens de seu texto para nós, cristãos católicos:
1º)Exposição dos trabalhos que temos em nossa igreja. Como é sabido a Igreja Católica é sempre alvo de muitas críticas, que as vezes tem algum fundamento e nos fazem progredir rumo a melhores horizontes. Porém, em outros casos, certas críticas oferecem desrespeito e falta de conhecimento, formando assim opiniões, que muitas vezes mal influenciam em trabalhos positivos.
2º)Com a exposição clara que nos oferece no texto, podemos ver que todos trabalhos da Igreja tem uma certa concisão e um contribui para o desenvolvimento do outros (destacando-se, assim, a unidade da Igreja). Além disso, podemos nos lembrar a importância do projeto salvador de Jesus Cristo.
Um abraço e Parabéns!