terça-feira, 25 de agosto de 2015

Dom Luciano, servo de Deus e da alegria

Geraldo Trindade
  
Dom Luciano Mendes de Almeida soube viver a alegria do evangelho como nos propõe o papa Francisco. Soube enxergar em todas as ocasiões e momentos a oportunidade de viver a alegria do evangelho, mas, sobretudo, de anunciar esta alegria aqueles que mais necessitavam: os mais necessitados, os mais carentes, os mais pobres, os mais desprezados pela sociedade. Dom Luciano soube viver a alegria do evangelho contornando sua vida pelos preceitos da caridade, do amor ao próximo, do serviço, da doação, da disposição em abrir mão de sua vontade para realizar a vontade de Deus. Soube ser sábio sendo simples. Servidor sem ser submisso. Alegre sem ser faceiro. Comprometido sem ser extremista. Pela palavra e pelo exemplo, dom Luciano deixou sua marca no chão mineiro da Arquidiocese de Mariana.
  Dom Luciano nasceu no Rio de Janeiro no dia 5 de outubro de 1930. Viveu sua vida segundo seu lema episcopal  “In nomine Iesu” (Em nome de Jesus). Era arcebispo de Mariana quando faleceu aos 75 anos de idade.  Exerceu funções de relevância na Igreja, participou de diversos sínodos em Roma, foi secretário geral e presidente da CNBB, fez parte do Conselho Permanente desta entidade, atuou na Pontifícia Comissão Justiça e Paz, do Conselho Episcopal Latino-Americano.
Dom Luciano marcou o coração de inúmeras pessoas, marcou porque todos nós precisamos de exemplos e de bons exemplos. Precisamos ser radicais em nossas escolhas e ele viveu isso completamente em sua vida! Celebrar mais um ano do “dies natalis” (dia 27 de agosto, dia em que faleceu) deste servo bom e fiel de Deus é oportunidade de resgatar em nossa memória o grande bem que o arcebispo de Mariana realizou em favor da sociedade brasileira e da igreja católica.
Agora como seu processo de beatificação e canonização aberto, dom Luciano é servo de Deus, servo da caridade, do amor e do próximo, servo do outro totalmente Outro, servo do outro totalmente Irmão. Dom Luciano percorreu em todos os âmbitos, ambientes e realidades porque os santos são aqueles que não se acomodam às situações, mas os que enxergam além.
Dom Luciano é símbolo, ícone de uma caridade, de um cristianismo que cada dia mais precisamos resgatar em nossa vida. Os relatos de pessoa que conviveram com dom Luciano são marcados por um senso de humildade que transparecia em todas as suas ações, mas ao mesmo tempo de grandeza nos pequenos gestos do arcebispo. No olhar, no encontro com alguém e ver nele uma história, uma vida, um sonho. De em cada um perceber uma experiência que não pode ser perdida. Por esta singeleza da ação, por esta alteridade totalmente cristã, dom Luciano pode ser chamado o irmão do outro. Nem amigo, nem colega, nem conhecido, mas irmão, que sentiu a dor, que se aproximou, que viu, que sentiu e amou! O apóstolo do amor e da caridade mostra que só se é possível viver o cristianismo amando, só se pode ser cristão despojando-se de toda e qualquer vaidade!


domingo, 16 de agosto de 2015

O dominó da desmoralização

                                                                                                                  Iury Nascimento*

É agravante a decadência moral da sociedade pela falta de consciência de muitos cidadãos, governantes e governados. Tudo está sendo reduzido a nada, o homem está deixando de ser aquilo que é pra se tornar coisa; é um verdadeiro dominó desmoralizante. A sociedade está perdendo a capacidade de distinguir o bem e o mal, ou não quer nem distinguir para satisfazer a seus próprios instintos.

Estamos no estágio de desumanização, um mundo que pisoteia a sua própria consciência negando a sua própria humanidade. “Será inócuo encher as páginas de leis e as prateleiras de códigos, como também será inócuo encher as ruas de policiais, enquanto a humanidade na for chamada a respeitar a própria consciência.” [1]. É isso que acontece, quando o homem exclui a própria lei da consciência. Ele fica cego, desorientado, causando uma grande desordem moral.

É o que vemos na sociedade (e no mundo), governos querendo legalizar o assassinato de seres humanos inocentes, abrindo as portas para o “casamento” de pessoas do mesmo sexo, a destruição do conceito de homem e mulher com a Ideologia de Gênero; a venda de fetos assassinados cruelmente. É o homem destruindo a sua própria humanidade, levando a sociedade a perder aos poucos sua alma e sua esperança.

“A maior crise da sociedade é a da consciência. Rouba-se, mata-se, corrompe-se, tapeia-se, prostitui-se, engana-se... como se as consciências estivessem mortas, e como se Deus não existisse.” [2] Precisamos dar um salto moral, começando pelas famílias, hoje tão atacadas por tantas ideologias que tentam desmontar a célula motriz da sociedade. Os pais precisam se conscientizar e fazer alguma coisa para que a educação dos seus filhos, não seja regida primeiramente pelo Estado; são os pais os primeiros educadores de seus filhos.
A escola hoje está se tornando, ou melhor, já é um lugar que ao invés de educar os nossos filhos para o bom caráter, está destruindo a moral dos futuros cidadãos. Os nossos filhos estão sujeitos às más influências do Estado. O silêncio aqui não adianta, ou tomamos uma posição frente ao que está acontecendo ou seremos engolidos e esfacelados por essa decadência moral. Somos homens e mulheres com consciência e sabemos o que é errado e o que é certo, porém se não lutamos pelo bem moral, o mal aos poucos vai obscurecendo o que é bom.

Dizia um filósofo existencialista cristão, chamado Gabriel Marcel: “Quem não vive como pensa, acaba pensando como vive.”. É isso que está acontecendo na sociedade em que estamos, acabamos pensando que o que estamos vivendo é normal; acabamos julgando normal abortar bebês, (homossexuais) pessoas do mesmo sexo se casarem, a venda de fetos abortados etc., e sufocamos a nossa consciência, às vezes reta e bem formada, pela qual sabemos que tudo isso, não é normal.

Tenhamos uma tomada de consciência à frente da sociedade, e lutemos para que ela seja consciente, justa e bem formada; que segue a razão, “de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador.”. [3]


* Iury Nascimento é leigo, pregador católico e ministra cursos de formação básica sobre temas católicos. Mantém o blog: http://evangelizarr.blogspot.com.br/

Referências
1. AQUINO, Felipe. A moral católica e os dez mandamentos. Lorena, Cléofas, 2010.
2. Idem.
3. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. § 1783.